D'amor e seus danos - Luís Vaz de Camões

Quem ora soubesse
onde o Amor nasce,
que o semeasse!

D'amor e seus danos
me fiz lavrador;
semeava amor
e colhia enganos;
não vi, em meus anos,
homem que apanhasse
o que semeasse.

Vi terra florida
de lindos abrolhos,
lindos para os olhos,
duros para a vida;
mas a rês perdida
que tal erva pace
em forte hora nasce.

Com quanto perdi,
trabalhava em vão;
se semeei grão,
grande dor colhi.
Amor nunca vi
que muito durasse,
que não magoasse.

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