Ruço - Manuel Bandeira

Muda e sem trégua
Galopa a névoa, galopa a névoa.

Minha janela desmantelada
Dá para o vale do desalento.
Sombrio vale! Não vejo nada
Senão a névoa que toca o vento.

Lá vão os dias de minha infância
- Imagens rotas que se desmancham:

O vento do largo na praia,
o meu vestidinho de saia,

Aquele corvo, o vôo torvo,
O meu destino, aquele corvo!

O que eu cuidava do mundo mau!
Os ladrões com cara de pau!

As histórias que se faziam sonhar;
E os livros: Simplício olha para o ar,

João Felpudo, Viagem à roda do mundo
Numa casquinha de noz.

A nossa infância, ó minha irmã, tão longe de nós!

2 comentários:

  1. Nádia, que lindo este texto. Fez-me recordar os bons momentos de infância, tão bom...
    beijinhos amiga, bom fim de semana.
    oa.s

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  2. Obrigada!
    Pra você também, um feliz final de semana!
    Beijos :)

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