Finisterra - Dora Ferreira da Silva

Coroada de heras,
a lua para a festa esquiva.
À sombra, amantes teceram ramos.
Longe, nas grutas do mar,
pura é a água de que nascemos.
Resina no coração dos vivos,
o musgo se alastrando.
Que música se faz distância e remos
que formas se dissipam
se em novelos os dedos se emaranham?

Dança a lua votiva sua dança nas águas:
desnastraram-lhe as estrelas o cabelo.
São asas ou serpentes que na espádua se alagam
para desatar-lhe o voo?
As velas do barco já se afastam
do marinheiro que trespassou-lhe o sangue.

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