O martelo - Manuel Bandeira



As rodas rangem na curva dos trilhos
Inexoravelmente.
Mas eu salvei do meu naufrágio
Os elementos mais cotidianos.
O meu quarto resume o passado em todas as casas que habitei.

Dentro da noite
No cerne duro da cidade
Me sinto protegido.
Do jardim do convento
Vem o pio da coruja.
Doce como um arrulho de pomba.
Sei que amanhã quando acordar
Ouvirei o martelo do ferreiro
Bater corajoso o seu cântico de certezas.

2 comentários:

  1. Esse passado que fala sempre em nosso sentir.
    Lindo poema.


    Que bonita foto, gostei de a conhecer :-)

    um grande abraço
    oa.s

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  2. Obrigada, querida! Agradeço pela presença sempre carinhosa.

    Carinhoso abraço :)

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