Ando muito completo de vazios... Manoel de Barros


Ando muito completo de vazios.
Meu órgão de morrer me predomina.
Estou sem eternidades.
Não posso mais saber quando amanheço ontem.
Está rengo de mim o amanhecer.
Ouço o tamanho oblíquo de uma folha.
Atrás do ocaso fervem os insetos.
Enfiei o que pude dentro de um grilo o meu destino.
Essas coisas me mudam para cisco.
A minha independência tem algemas.


Um comentário:

  1. "Por quantas vezes nossas algemas serão nossa própria vontade?" Bom final de domingo Nádia.

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