Constância no Deserto - Cecília Meireles



Em praias de indiferença
navega meu coração.
Venho desde a adolescência
na mesma navegação.

- Por que mar de tanta ausência,
e areias brancas de tão
despovoada inconsistência,
de penúria e de aflição?

(Triste saudade que pensa
entre resposta e a intenção!)

Números de grande urgência
gritam pela exatidão:
mas a areia branca e imensa
toda é desagregação!

Em praias de indiferença
navega meu coração.
Impossível, permanência.
Impossível, direção.

E assim por toda a existência
navegar, navegarão
os que têm por toda ciência
desencanto e devoção.


4 comentários:

  1. Sempre um prazer ler Cecília Meireles.
    Beijinho Nádia, boa semana
    cvb

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  2. Tanto tempo sem vir aqui. Que bom encontrar Cecília. Obrigada pela partilha, sempre tão cuidada e sensível. Abraços.

    PAZ e LUZ

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  3. Palavras que são tentativa do afrouxar de amarras...

    Beijo :)

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  4. Navegar é preciso! Porém, nada melhor que um Porto Seguro. Bjs. NÁDIA.

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