Cata-vento - Tasso da Silveira

Cata-vento, lá no alto,
capta o mundo nos ventos.
O mundo das geleiras brancas,
dos desertos dourados,
das cidades aflitas, das montanhas, do mar.

Cata-vento, lá no alto
capta as horas nos ventos.
As horas, no orbe, simultâneas
mas tão infinitamente diferentes:
horas, aqui, da seara amanhecente,
horas, ali, da torre ensolarada,
horas, além, de cais na noite triste,
horas, por toda a parte,
de nascer ou morrer.

Cata-vento lá no alto
longe do chão impuro
capta os ventos que vem.
Ah, cata-vento não escolhe vento.
Todo vento lhe traz desejo e sonho,
todo o vento lhe traz beleza e mágoa.
Sim, cata-vento não escolhe vento
capta os ventos que vem,
mesmo os trêmulos ventos sonambúlicos
das solidões estagnadas
sem sombra de ninguém.




4 comentários:

  1. E como é bom "catar" o vento...
    Muito lindo.

    bjs Nádia, saudades
    cecilia

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  2. Saudades também, Cecília!
    Quanto tempo...

    Beijos :)

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  3. Vem no vento até os sabores.
    Uma linda tarde pra você. bjs

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  4. Obrigada, Lourdinha!

    Tenha uma ótima noite!
    Beijos :)

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