Infância - Carlos Drummond de Andrade

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras.
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala - nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu...Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro...que fundo!


Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.


5 comentários:

  1. A nossa história é sempre mais bonita...porque é nossa :))

    Beijinho
    (já te sigo)

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  2. Maravilhoso, querida amiga.
    Adoro esse poema do nosso Drummond.
    Parabéns pela escolha !
    Bjim

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  3. É verdade, JP. A nossa história faz toda a diferença...

    Agradeço pela visita, comentário e por seguir o docecomoachuva.

    Bjs :)

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  4. Obrigada, Amiga!
    Também adoro este poema!

    Beijos :)

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  5. Nossa que riqueza é a história de cada um de nós.Poema maravilhoso
    Bjs.

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