Girassol - Lêdo Ivo


Em minha mão fechada cabe o dia,
o fogo aleatório dos instantes
e o silêncio que espalham os amantes
quando termina a festa e nada resta

da luz petrificada entre as montanhas.
Em minha mão aberta cabe a sombra
largada pela vida que me espera
além do inverno, quando a primavera

devolve ao caule a rosa fenecida
e o que foi volta a ser, e toda perda
retorna como um lucro imerecido.

A minha mão sustenta um girassol.
Sou sobra e o excesso, como o vento
ou como a luz incômoda do sol.




2 comentários:

  1. Muito bonito esse poema! Mãos sempre me emocionam. Um beijo, querida!

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  2. OI Nádia, ficou linda a imagem associada ao poema.
    bjs. Uma linda semana pra você.

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