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Emily Dickinson

Como se o Mar rompesse
Mostrando um outro Mar ―
E fosse ― um outro ― nesse
Mar ainda pré-formar ―

Mares do Mar ― que invade
As Praias singulares
De outros futuros Mares ―
Nestes ― a Eternidade ―


À noite, como deve sentir-se solitário o vento - Emily Dickinson


À noite como deve sentir-se solitário o vento
Quando todos apagam a luz
E quem possui um abrigo
Fecha a janela e vai dormir.

Ao meio-dia, como deve sentir-se imponente o vento
Ao pisar em incorpórea música,
Corrigindo erros do firmamento
E limpando a cena.

Pela manhã, como deve sentir-se poderoso o vento
Ao se deter em mil auroras,
Desposando cada uma, rejeitando todas
E voando para seu esguio templo, depois.




A dor tem um elemento de vazio - Emily Dickinson

A dor - tem um elemento de vazio - 
 Não se consegue lembrar 
 De quando começou - ou se houve 
 Um tempo em que não existiu - 

 Não tem futuro - para lá de si própria - 
 O seu infinito contém 
 O seu passado - iluminado para aperceber 
 Novas épocas - de dor.


Emily Dickinson

Escondo-me na minha flor,
Para que, murchando em teu vaso,
tu, insciente, me procures -
Quase uma solidão.



Emily Dickinson



Como se o mar se apartasse
e revelasse outro mar,
e esse mar outro mar, e os três
fossem só a presunção
de mares consecutivos
despossuídos de praias...
E mares à margem de mares a vir...
Assim a Eternidade.



Dentre todas as Almas já criadas - Emily Dickinson


Dentre todas as Almas já criadas -
Uma - foi minha escolha -
Quando Alma e Essência - se esvaírem -
E a Mentira - se for -

Quando o que é - e o que já foi - ao lado -
Intrínsecos - ficarem -
E o Drama efêmero do corpo -
Como Areia - escoar -

Quando as Fidalgas Faces se mostrarem -
E a Neblina - fundir-se -
Eis - entre as lápides de Barro -
O Átomo que eu quis!


Para a hora da dor - Emily Dickinson


Água, é a sede que ensina.
Terra, a travessia do mar.
Êxtase, a agonia.
Paz, o guerrear.
Amor, o retrato eterno,
Pássaros, o inverno.


Emily Dickinson


Há uma solidão no céu,
uma solidão no mar
e uma solidão na morte.
Mas fazem todas companhia
comparadas a este local profundo,
esta polar intimidade,
uma Alma que reconhece a Si mesma:
finita infinidade.

Emily Dickinson

Nossa quota da noite suportar –
Nossa quota da aurora –
Nosso vazio em glória preencher
Nosso vazio desprezando

Aqui uma estrela, e ali uma estrela,
Alguma perdeu seu guia!
Aqui uma névoa, e ali uma névoa,
Em seguida – Dia!

Emily Dickinson


Rubra queimada é a manhã -
Violeta, a tarde -
Amarela, agonizante, está o dia -
E, depois, não há mais nada -

À noite, porém, milhas de centelhas
Revelam a vastidão incendiada -
Prateados territórios
Jamais consumidos por nada.

Poema - Emily Dickinson



Os céus não podem guardar seu segredo!
E o confiam às colinas...
As colinas contam para os pomares
e estes para os narcisos!

Um pássaro que passava
ouviu tudo.
Se eu subornasse o passarinho
quem sabe o que ele me diria?

Acho que não o farei,
melhor é não saber;

se o verão é um axioma
que magia a neve pode ter?

Assim sendo, Pai, guardai vosso segredo!
Ainda que o pudesse, não iria
saber o que fazem os amigos da safira
em vosso mundo posto em dia.

Emily Dickinson



De mim não tem medo a abelha.
A borboleta eu conheço.
A bela gente dos bosques
Me recebe cordialmente.

Se chego, riem mais alto os regatos,
Brinca a brisa mais travessa;
Por que então, olhos meus, vossa névoa de prata?
Ó claro dia estival, por quê?

Emily Dickinson

Duas borboletas saíram ao meio-dia,
valsaram em cima de um arroio,
flecharam para o firmamento
e repousaram sobre um raio de luz;
Depois partiram as duas
por cima de um mar reluzente,
ainda que porto algum até hoje
haja mencionado a chegada.
Se falou com elas uma ave distante,
se no mar etéreo encontraram
uma fragata ou um cargueiro,
não fui informada.

Algo existe - Emily Dickinson

Algo existe num dia de verão,
No lento apagar de suas chamas,
Que me impele a ser solene.
Algo, num meio-dia de verão,
Uma fundura - um azul - uma fragrância,
Que o êxtase transcende.
Há, também, numa noite de verão,
Algo tão brilhante e arrebatador
Que só para ver aplaudo -
E escondo minha face inquisidora
Receando que um encanto assim tão trêmulo
E sutil, de mim se escape.

A bela de Amherst - Emily Dickimson



Ela varre com vassouras multicores
E sai espalhando fiapos,
Ó Dona arrumadeira do crepúsculo,
Volta atrás e espana os lagos:

Deixaste cair novelo de púrpura,
E acolá um fio de âmbar,
Agora, vejam, alastras todo o leste
Com estes trapos de esmeralda!

Inda a brandir vassouras coloridas,
Inda a esvoaçar aventais,
Até que as piaçabas viram estrelas —
E eu me vou, não olho mais.



Emily Dickinson

Primeiro Ato é achar,
Perder é o segundo Ato,
Terceiro, a Viagem em busca
Do “Velocino Dourado”

Quarto, não há Descoberta —
Quinta, nem Tripulação —
Por fim, não há Velocino —
Falso — também — Jasão.

Emily Dickinson

A água se ensina pela sede;
A terra, por oceanos navegados;
O êxtase, pela aflição;
A paz, pelos combates narrados;
O amor, pela cinza da memória
E, pela neve, os pássaros.

Emily Dickinson

Ela varre com vassouras multicores
E sai espalhando fiapos,
Ó Dona arrumadeira do crepúsculo,
Volta atrás e espana os lagos:

Deixaste cair novelo de púrpura,
E acolá um fio de âmbar,
Agora, vejam, alastras todo o leste
Com estes trapos de esmeralda!
Inda a brandir vassouras coloridas,
Inda a esvoaçar aventais,
Até que as piaçabas viram estrelas —

E eu me vou, não olho mais.

Moro na possibilidade - Emily Dickinson

Moro na possibilidade
Casa mais bela que a prosa,
Com muito mais janelas
E bem melhor, pelas portas
De aposentos inacessíveis
Como são, para o olhar, os cedros,
E tendo por forro perene
Os telhados do céu
Visitantes, só os melhores;
Por ocupação, só isto:
Abrir amplamente minhas mãos estreitas
Para agarrar o paraíso. Emily Dickinson

Deus em meu quintal... Emily Dickinson


Alguns guardam o Domingo indo à Igreja.
Eu o guardo ficando em casa
Tendo um Sabiá como cantor
E um Pomar por Santuário.

Alguns guardam o Domingo em vestes brancas
Mas eu só uso minhas Asas
E ao invés do repicar dos sinos na Igreja
Nosso pássaro canta na palmeira.

É Deus que está pregando, pregador admirável
E o seu sermão é sempre curto.
Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final
Eu o encontro o tempo todo no quintal.