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O Tempo - Eunice Arruda

Os olhos se resguardam
sob as pálpebras
mas o tempo passa

Junto de nossos passos cautelosos
que ultrapassam mas retornam
sempre
o tempo caminha
Na superfície calma dos retratos
inscreve seu itinerário
e passeia com cautela em nosso rosto
fala pela boca das crianças
murmura no cansaço nossas mortes

Em vão
se preenchem as horas
O tempo carrega em seu rio nossas sementes
para um mar.


Mãe - Eunice Arruda

mãe da hora
extrema
sai do silêncio
da neblina
volta

volta a menina antiga
afeita
às chuvas e aos relâmpagos
tenta

tenta atravessar o rio
o escuro
é hora – a extrema –
a de alcançar a outra margem
a margem –
– mãe

abandona a sombra
o silêncio
vem
vigia
vela na mão vem
– cobertas me abraçando –
silenciosamente
me recolhe – mãe – na hora extrema

Transformação - Eunice Arruda



Anjo
dá guarda

Eu estou atravessando

Também me empresta
de tuas asas
o voo

Que eu chegue a nenhum lugar

Reminiscência - Eunice Arruda


A menina ficou
atrás

Hoje carrega desejos
E mais peças de roupa
Por sobre
Um corpo todavia
Vertical

Apenas o rosto diz
De fugas
E do vaso
Quebrado e esquecido
No fundo do
Quintal.