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O amor passou - Geraldo Carneiro


Daqui até o futuro do futuro
Por toda a eternidade e mais um dia
Por toda a eternidade e mais um dia.

Escuta, meu amor, o amor passou
Passou o fogo, a fome, o sonhador
Só não passou foi o sonho de amar
Que há de andar comigo até passar
Nas reencarnações da minha dor
Talvez até se converter em flor
Pra alimentar os pássaros do tempo
Os girassóis das novas gerações
As aventuras dos novos verões
Que ainda haverá verões e primaveras, e primaveras
Daqui até o futuro do futuro
Por toda a eternidade e mais um dia

Por toda a eternidade e mais um dia.



conspirações - Geraldo Carneiro



alguma coisa se desprende do meu corpo
e voa
não cabe na moldura do meu céu.
sou náufrago no firmamento.
o vento da poesia me conduz além de mim.
o sol me acende
estrelas me suportam
Odisseu nos subúrbios da galáxia.
amor é o que me sabe e o que me sobra
outro castelo que naufraga
como tantos que a força do meu sonho
quis transformar em catedrais.
ilusões? ainda me restam duas dúzias.
conspirações de amor, talvez não mais.

A outra voz - Geraldo Carneiro

Não adianta, nada neste mundo
pertence a ti, nem essa ínfima parte
que te compete recifrar em arte.
só é teu o circo das desilusões,
o canto das sereias, o naufrágio
no qual perdeu-se a vida, o rumo,
/a nave,
a memória da ilha em que viveste
o ato inaugural da tua odisséia.
Penélope esgarçou-se em muitas faces,
e mesmo a guerra, com seus alaridos,
só sobrevive nas versões dos bardos.
não há mais ilha, nem há mais princípio:
teu principado é só imaginário.

No mesmo dia de sempre - Geraldo Carneiro

No mesmo dia de sempre
a mesma hora marcada
do mesmo lado da rua
o cheiro da madrugada

eu vi a lua vazia
numa vitrine apagada
do outro lado da rua
sentado sobre a calçada

os bares quietos da vida
essa cidade cansada
e esse encontro perdido
essa tristeza danada

retomo o rumo de casa
na noite desconsolada
você não sabe de tudo
você não sabe de nada.

FILOSOFIA - Geraldo Carneiro

O tempo é uma ficção criada há pouco tempo.
será desinventada no futuro
onde as rosas prescindem do jardim.
O tempo do relógio é uma miragem
tão irreal quanto qualquer camelo
passando no buraco de uma agulha.
Metáforas são flores do pensamento
pensadas para que se possa pressentir
que o tempo é uma aventura aqui, agora
que se eterniza ou sequer agoniza:
se precipita no caos.
O tempo é a flor do caos
de onde as naus nunca regressarão
porque haveria sempre um tempo a mais
entre uma nau e a idéia do seu cais.