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Cantiga - Gilberto Mendonça Teles


Se vives dentro da noite
como uma estrela, a brilhar,
eu vou pela noite a dentro
no meu silêncio, a sonhar.

(Alguém haverá que impeça
um sonhador de sonhar?
E essas palavras comuns,
não são também para usar?)

Estendo as mãos: a distância
se interpõe. Fico a pensar:
por que as estrelas são tantas?
Por que não posso voar?



Aqui e agora - Gilberto Mendonça Teles



Procuro o aqui e o agora,
o agoraqui, o que já foi
e continua: a cor de outrora
no couro curtido de um boi.

Procuro o que está sendo,
o que se acende, o que se apaga,
o acontecido acontecendo,
sombra de peixe fora d'água.

Procuro o que figura
no que perdi te procurando,
o que se gastou na usura
do que me vem de vez em quando.

Procuro o que projeto
além de mim, no que me sobra:
talvez a sombra de um inseto
na plantação da minha obra.

Procuro o procurar-te,
o que sempre fiz e não sei.
Talvez o aqui e o agora, a parte
do que ficou fora da lei.