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Mar deprimido - Luís Augusto Cassas

mar de São Luis, constrangido,
que banhas as costas do Atlântico
e as costas e seios das pacíficas,
quem te roubou o azul do paraíso:
os vendedores de cloro das piscinas
ou o céu desbotado do olhar das meninas?

mar de São Luis, humilhado,
saqueado por metralhas e conquistadores
em navios que vazam óleo desde o início,
quem roubou o azul do teu sorriso:
os poetas que te deixaram abandonado
ou os petroleiros que te sujaram o vestido?

mar de São Luis, sucateado,
sobra de outros mares, poluído.
o cinzento de tuas águas
é tua bandeira de mágoas?
o cinzento de tuas mágoas
é o teu vestido e anágua?

choras por Antônio: o de Cleópatra?
choras por outro: o de Ana Amélia.
mar de São Luís, enrubescido,
derramas lágrimas de crocodilo,
deságuas sujas águas em praias e portos.
enches os tonéis, os lenços, os esgotos.

mar de São Luis, emaranhado
em maranhas de mar amargurados,
quem sequestrou o teu azul-coral
deixou-te em troca o excesso de sal.
entanto, o verde que antevejo nessa manhã,
só o vislumbro detrás de óculos rayban.

a não ser que eu ponha cloro,
nas lágrimas que, em ti, choro.