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Equivocou-se a pomba - Rafael Alberti

Equivocou-se a pomba.
Equivocava-se.
Por ir ao norte, foi ao sul.
Acreditou que o trigo era água.
Equivocava-se.

Acreditou que o mar era o céu:
que a noite, a manhã.
Equivocava-se.

Que as estrelas, orvalho;
que o calor; a nevasca.
Equivocava-se.

Que tua saia era tua blusa;
que teu coração, sua casa.
Equivocava-se.

(Ela dormiu na beira
tu, no topo de um ramo).



Pregão - Rafael Alberti

Vendo nuvens de cores!
as redondas, vermelhas,
para suavizar os calores!
Vendo os cirros arroxeados
e rosas, as alvoradas,
os crepúsculos dourados!
O amarelo astro,
colhido o verde ramo
do celeste pessegueiro!
Vendo a neve, a chama
e o canto do pregoeiro!


O mar, o mar - Rafael Alberti


O mar. O mar.
O mar. Só o mar!

Por que me trouxeste, pai
à cidade?
Por que me desenterraste
do mar?

Em sonhos, a marejada
me tira do coração.
Se o quisera levar.

Pai, por que me trouxeste
aqui?