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Quando a natureza faz amor - Rosália Milsztajn


A flor estremece
 De gozo
 Com o beijo
 Do beija-flor

 O vento levanta
 Eufórico as águas
 que arrepiam
 Em finas vagas

 O mar molha
 Salga
 A encosta
 Com sua língua

 A lua cintila
 Com a faixa de sêmen
 Que o mar
 Ejacula

 O sol se excita
 Em rijos raios
 Que penetram
 Úmidas matas

 E a floresta
 Cheira a sexo
 Do orvalho
 Da manhã

 No orgasmo das nuvens
 A chuva chora
 E o silêncio dorme


A roda - Rosália Milsztain



A roda enferrujada do dia
roda lentamente
meu desejo insatisfeito
adoecendo os sentidos

A roda gasta do dia
deglute com cegos dentes
a semente
o amor que poderia

A chuva fria do ferro envelhecido
entristece o futuro e o
presente

E essa dor atemporal se estende
sem cura no metal ruído
polui a alvura de fluidos permanentes
que não passam
que não passam.

Folhagem - Rosália Milsztajn



    

Descanso os olhos
 sobre as folhas miúdas que tremem
 Piscam minhas pálpebras
 O vento me envolve
 Existo
 inacreditavelmente
 entre o abrir e fechar
 Página folheada
 de um livro
 vivo.

Associações - Rosália Milsztajn


Ando pelos subterrâneos
Como subterfúgio
Num continuum
Evito dores das luzes

Ando pelos ares
Como os pássaros
Encondo asas
Para não as cortarem

Às vezes ando
Como semiviva
Por lembrar a vida à morte
E não quero pensar nisso