O pássaro cantor - Robert Frost


Eis um cantor, que muita gente já ouviu,
cantar na mata funda, em meados do estio,
e que faz soar de novo os mudos arredores.
Diz que o verde está velho, e diz que, para as flores,
dez vezes mais que o estio importa a primavera;
que em chuveiros a flor da cereja e da pera
despencou sobre o chão em dias já passados
plenos de sol, por uns instantes só toldados.
E vem o outro cair que chamamos de outono,
que o pó da estrada cobre e enfeita de abandono.
Como os outros seria, ao findar sua lida;
não soubesse, porém, em cantar não cantar.
A pergunta que traz, sem nada perguntar,
é o que fazer de alguma coisa diminuída.


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