Que a tua Alma dê ouvidos a todo o grito de dor
como a flor do lótus abre o seu seio para beber o sol matutino.
Que o sol feroz não seque uma única lágrima de dor
antes que a tenhas limpado dos olhos de quem sofre.
Que cada lágrima humana escaldante caia no teu coração e ali fique;
nem nunca a tires enquanto durar a dor que a produziu.
Estas lágrimas, ó tu de coração compassivo,
são os rios que irrigam os campos da caridade imortal.
É neste terreno que cresce a flor nocturna de Buddha,
mais difícil de achar, mais rara de ver do que a flor da árvore Vogay.
É a semente da libertação do renascer.
tradução: Fernando Pessoa