além das nuvens
claras e sombrias
vivem os deuses
raros nas alturas...
livres de enganos
dores nostalgias
de morte vil
que aos poucos nos invade;
da chuva de átomos
em que se evade
indefinidamente
a natureza
em sua eterna
mas avara empresa
de reunir
os átomos-enxame,
seguindo a força
rude do cliname,
para formar
compostos provisórios,
que se desfazem
noutros repertórios:
estrelas, águas,
nuvens, tempestades,
cristais, abelhas,
glórias ou cidades
e flores, pedras,
corpos, consciência
– figuram
como pálida aparência...
e acima desse
mundo sempre em guerra
acima
da miragem dessa terra
repousam
esquecidos nos meatos
mais livres
os celestes, mais beatos