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A Acauhan - A Malhada da Onça - Ariano Suassuna


Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.

Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.

Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.

Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.



O Mundo do Sertão - Ariano Suassuna


Diante de mim, as malhas amarelas
 do mundo, Onça castanha e destemida.
 No campo rubro, a Asma azul da vida
 à cruz do Azul, o Mal se desmantela.

 Mas a Prata sem sol destas moedas
 perturba a Cruz e as Rosas mal perdidas;
 e a Marca negra esquerda inesquecida
 corta a Prata das folhas e fivelas.

 E enquanto o Fogo clama a Pedra rija,
 que até o fim, serei desnorteado,
 que até no Pardo o cego desespera,


 o Cavalo castanho, na cornija,
 tenha alçar-se, nas asas, ao Sagrado,
 ladrando entre as Esfinges e a Pantera.