mar de São Luis,
constrangido,
que banhas as costas do
Atlântico
e as costas e seios das
pacíficas,
quem te roubou o azul do
paraíso:
os vendedores de cloro das
piscinas
ou o céu desbotado do olhar
das meninas?
mar de São Luis, humilhado,
saqueado por metralhas e
conquistadores
em navios que vazam óleo
desde o início,
quem roubou o azul do teu
sorriso:
os poetas que te deixaram
abandonado
ou os petroleiros que te
sujaram o vestido?
mar de São Luis, sucateado,
sobra de outros mares, poluído.
o cinzento de tuas águas
é tua bandeira de mágoas?
o cinzento de tuas mágoas
é o teu vestido e anágua?
choras por Antônio: o de
Cleópatra?
choras por outro: o de Ana
Amélia.
mar de São Luís, enrubescido,
derramas lágrimas de
crocodilo,
deságuas sujas águas em
praias e portos.
enches os tonéis, os lenços,
os esgotos.
mar de São Luis, emaranhado
em maranhas de mar
amargurados,
quem sequestrou o teu
azul-coral
deixou-te em troca o excesso
de sal.
entanto, o verde que antevejo
nessa manhã,
só o vislumbro detrás de
óculos rayban.
a não ser que eu ponha cloro,
nas lágrimas que, em ti,
choro.