Mostrando postagens com marcador Goethe. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Goethe. Mostrar todas as postagens

Feliz Só Será - Johann Wolfgang von Goethe

 
Feliz só será
 A alma que amar.

 Estar alegre
 E triste,
 Perder-se a pensar,
 Desejar
 E recear
 Suspensa em penar,
 Saltar de prazer,
 De aflição morrer-
 Feliz só será
 A alma que amar.


Canto dos Espíritos sobre as Águas - Goethe



A alma do homem
 É como a água:
 Do céu vem,
 Ao céu sobe,
 E de novo tem
 Que descer à terra,
 Em mudança eterna.

 Corre do alto
 Rochedo a pino
 O veio puro,
 Então em belo
 Pó de ondas de névoa
 Desce à rocha liza,
 E acolhido de manso
 Vai, tudo velando,
 Em baixo murmúrio,
 Lá para as profundas.

 Erguem-se penhascos
 De encontro à queda,
 — Vai, 'spumando em raiva,
 Degrau em degrau
 Para o abismo.

 No leito baixo
 Desliza ao longo do vale relvado,
 E no lago manso
 Pascem seu rosto
 Os astros todos.

 Vento é da vaga
 O belo amante;
 Vento mistura do fundo ao cimo
 Ondas 'spumantes.

 Alma do Homem,
 És bem como a água!
 Destino do homem,
 És bem como o vento!

Distante Amor - Goethe

Eu penso em ti quando o fulgor do sol ardente
reluz do mar;
E penso em ti quando a tranquila fonte
espelha o luar.

A ti eu vejo da longínqua estrada
entre a turba e pó;
E, alta noite, por tenebrosa senda,
peregrino e só.

Tua voz me fala entre o fragor da vaga
que vem tombando;
Ou, quando em silêncio, lá na selva erma
te estou escutando.

Contigo estou, de ti tão longe embora.
Estás junto a mim!
Já cai o dia... vêm luzindo os astros...
Ver-te-ei, enfim?

Mar Calmo - Goethe



Tranquilo, o mar não canta nem ondeia.
O nauta, imerso noutro mar de mágoas,
Os olhos tristes e úmidos passeia
Pela tranqüila quietação das águas.

A onda, que dorme quieta, não espuma;
O astro, que sonha plácido, não canta;
E em todo o vasto mar, em parte alguma
A mais pequena vaga se levanta.

Quietude no oceano - Goethe



Um silêncio desceu, profundo, sobre as águas,
E sem arfar sequer repousa o velho mar;
Entanto o pescador, a ruminar as mágoas,
Volve lasso, em redor, os olhos devagar.

Não há nenhum rumor por mais sutil e brando,
Não há no mar ou no ar vagas nem viração...
— Só existe o silêncio imenso amortalhando
A impassível aquosa e límpida amplidão.



Poemas São como Vitrais Pintados - Goethe

Poemas são como vitrais pintados!
Se olharmos da praça para a igreja,
Tudo é escuro e sombrio;
E é assim que o Senhor Burguês os vê.
Ficará agastado? — Que lhe preste!...
E agastado fique toda a vida!

Mas — vamos! — vinde vós cá para dentro,
Saudai a sagrada capela!
De repente tudo é claro de cores:
Súbito brilham histórias e ornatos;
Sente-se um presságio neste esplendor nobre;
Isto, sim, que é pra vós, filhos de Deus!
Edificai-vos, regalai os olhos!