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Escrito na Ponte Westminster, 3 de setembro de 1802 - William Wordsworth


Não tem a terra nada mais belo para mostrar
Pobre de espírito seria aquele que pudesse ignorar
esta visão tão comovente na sua majestade
Como um traje veste agora esta cidade

a beleza da manhã. Silenciosas e nuas
torres cúpulas navios teatros catedrais a prumo
erguem-se no céu e estendem-se pelas ruas
brilhantes e reluzentes no ar sem fumo

Nunca o sol se ergueu com tanta alma
por sobre vales rochedos e colinas
nunca vi nunca senti uma tão profunda calma

O rio desliza consoante o seu desejo
Meu Deus o casario parece que dorme
Dorme também aquele coração enorme


Primavera e Esplendor na Relva - William Wordsworth


Apesar de a luminosidade
outrora tão brilhante
Estar agora para sempre afastada do meu olhar,
Ainda que nada possa devolver o momento
Do esplendor na relva,
da glória na flor,
Não nos lamentaremos, inspirados
no que fica para trás;
Na empatia primordial
que tendo sido sempre será;
Nos suaves pensamentos que nascem
do sofrimento humano;
Na fé que supera a morte,
Nos tempos que anunciam o espírito filosófico.


A ceifeira solitária - William Wordsworth



Só ela no campo vi: 
solitária de altas serras, 
ceifa e canta para si. 
Não digas nada, que a aterras! 
Sozinha ceifa no mundo 
E canta melancolia. 
Escuta: o vale profundo 
Transborda à de harmonia. 

Nunca um rouxinol cantou 
em sombras da Arábia ardente 
ao que exausto repousou 
mais grata canção dolente; 
ou gorjeio tão extremado 
se escutou na Primavera, 
cortando o Oceano calado 
entre ilhas de Além-Quimera. 

Quem me dirá do que canta? 
Será que o que ela deplora 
é antigo, triste e distante, 
como batalhas de outrora? 
Ou coisas simples são 
do quotidiano viver? 
Essas dores de coração, 
que já foram e hão-de ser? 

Seja o que for que cantara 
é como infindo cantar, 
que a vi cantando na seara, 
no trabalho de ceifar. 
Sem falar, quieto, eu escutava 
e, quando o monte subia, 
no coração transportava 
o canto que não se ouvia.