Você está sozinho, com sua mente cheia de ruídos.
Caminhando pelas ruas, a noite envolve seu corpo.
Você apenas vê apenas o suficiente
para não tropeçar nas calçadas.
Por um instante, você escuta um som
quase tão vago quanto seus dias.
Você presta mais atenção.
Percebe que é um som ritmado como o de um tambor.
Você olha para trás e não enxerga nada.
Pensa que está escutando as batidas de seu coração.
O som aumenta um pouco mais.
A cadência é a de seus passos.
Você caminha e o som aumenta mais.
Quando seu calcanhar toca o solo, o tambor bate junto.
O som vai ficando cada vez mais alto
até fazer estremecer sua pele.
Sua mente elimina os pensamentos vãos
e você caminha cada vez mais forte.
Quando o som atinge suas entranhas e ossos,
você sente uma vontade irresistível de correr.
Mas você não corre.
Apenas pára e olha para o universo a seu redor.
Você mira as estrelas, ergue seus braços e grita seu nome
até que todos os ruídos e dúvidas se dissipem
e você volte a ser aquilo que sempre foi ou deveria ser.