O naufrágio roubou-me o barco triste,
Silentemente, como rouba a vida.
O meu naufrágio é um mal, que mal existe,
Pois que, no fim, começa outra partida.
Anteriormente vira esta ferida,
Ferida, meu amor, que nunca viste.
Continuei capitão, que inda resiste,
Porém sem ter sentido tal descida.
O naufrágio, portanto, foi normal.
O barco triste soçobrou por frágil
Nas águas calmas, desfazendo em sal.
Depois o mar voltou a ser caminho
De um outro menos triste e bem mais ágil
E o barco triste o mar deixou sozinho.
Mostrando postagens com marcador Ives Gandra da Silva Martins. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ives Gandra da Silva Martins. Mostrar todas as postagens
Olhar do Tempo - Ives Gandra
Olhar do tempo. Como eu sinto a messe,
Safra da terra, sem semente fora!
Ceifem a messe, que a safra apodrece,
Tempo de sempre, que se faz de agora.
Olhar do tempo. Como eu sinto o rio,
Estrada líquida, sem outra estrada!
Bebam a estrada, que desponta o estio,
Tempo de todos, que se faz de cada.
Olhar do tempo. Como eu sinto o espaço,
Tapete imenso, sem limites ao norte!
Durmam o norte, norteando o passo,
Tempo de vida que se faz de morte.
Olhar do tempo, como eu sinto a cruz!
Tempo de sombra, que se faz de luz.
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest
Marcadores:
Ives Gandra da Silva Martins
Assinar:
Postagens (Atom)