Vivemos todos longínquos e anônimos - Bernardo Soares (Fernando Pessoa)
Vivemos todos longínquos e anônimos,
disfarçados, sofremos desconhecidos.
A uns, porém, esta distância entre um ser
e ele mesmo nunca se revela;
para outros é de vez em quando iluminada,
de horror ou de mágoa, por um relâmpago sem limites;
mas para outros ainda é essa a dolorosa constância
e quotidianidade da vida.
Saber bem quem somos não é conosco,
que o que pensamos ou sentimos é sempre uma tradução,
que o que queremos o não quisemos, nem porventura alguém
o quis - saber tudo isto a cada minuto,
sentir tudo isto em cada sentimento,
não será isto ser estrangeiro na própria alma,
exilado nas próprias sensações?
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