Canção de Alta Noite - Cecília Meireles

Alta noite, lua quieta,
muros frios, praia rasa.

Andar, andar, que um poeta
não necessita de casa.

Acaba-se a última porta.
O resto é o chão do abandono.

Um poeta, na noite morta,
não necessita de sono.

Andar...Perder o seu passo
na noite, também perdida.

Um poeta, à mercê do espaço,
nem necessita de vida.

Andar... - enquanto consente
Deus que seja a noite andada.

Porque o poeta, indiferente,
anda por andar - somente.
Não necessita de nada.

Um comentário:

  1. não sei quem vc é.. mas achei engraçado termos o mesmo sentimento em relação a foto... ia postar o poema da cecília e buscava uma foto no google images... caí no seu blog, onde estava o poema e a foto, como queria... vou postar também no facebook... quem sabe se mais alguém sentiu o mesmo..
    Alex

    ResponderExcluir