No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Das águas... e da chuva doce...
ResponderExcluirO poema é muito terno.
Beijinho para si!
Obrigada, poeta!
ResponderExcluirDesejo-lhe uma semana de muita poesia!
Beijo :)
Cecília é sempre Cecília. Lindo!
ResponderExcluirbjus
Quão doce ficou o mar com tanto mel?Lindo!!
ResponderExcluirNa vida por quantas naves espera os corações em aflição e saudades?