Como pequena flor que recebeu uma chuva enorme
E se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
Na seda frágil e preservar o perfume que aí dorme.
E vê passarem as leves borboletas livremente,
E ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia,
E o sol claro do dia às claras estátuas beijando sente.
E espera que se desprenda o excessivo, úmido orvalho
Pousado, trêmulo, e sabe que talvez o vento
A libertasse, porém a desprenderia do galho.
E nesse tremor e esperança aguarda o mistério transida
- Assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
Há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida.
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