Não há guarda-chuva
contra o poema
subindo de regiões
onde tudo é surpresa
como uma flor mesmo
num canteiro.
Não há guarda-chuva
contra o amor
que mastiga e cospe
como qualquer boca,
que tritura como um
desastre.
Não há guarda-chuva
contra o tédio:
o tédio das quatro
paredes, das quatro
estações, dos quatro
pontos cardeais.
Não há guarda-chuva
contra o mundo
cada dia devorado nos
jornais
sob as espécies de
papel e tinta.
Não há guarda-chuva
contra o tempo,
rio fluindo sob a
casa, correnteza
carregando os dias,
os cabelos.
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