Recado aos amigos distantes - Cecília Meireles

Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

2 comentários:

  1. Dileta Nádia:
    Queria e... como queria ter encontrado Cecília
    fosse em qualquer lugar ou qualquer lado desse lugar, mesmo que fossem nos atalhos.
    Simplesmente um extase esse poema. Valeu.
    Abraços e:
    ESTEJA E SEJA E FIQUE FELIZ!
    Luiz de Almeida & Blog Retalhos do Modernismo

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  2. Agradeço, Luiz.
    Eu também queria ter encontrado Cecília. Muita leveza e delicadeza!
    Eu me deleito com a sua poesia e este poema diz muito.
    Abraços e muita Luz e Paz!

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