N. D. A. - ARNALDO ANTUNES
nenhuma das alternativas
me atrai-
nem a lua que brilha
nem a folha que cai
nem a fome da filha
nem o nome do pai
nenhuma das alternativas
me dá medo-
nem olhar a mulher
nem saber o segredo
nem a bruxa de Blair
nem o bispo Macedo
nenhuma das alternativas
me seduz-
nem a voz do deserto
nem a mão que conduz
nem o sonho desperto
nem o lustro da luz
nenhuma das alternativas
me convence-
nem a bola que rola
nem o time que vence
nem a chuva que chora
nem a água que benze
nenhuma das alternativas
me desperta-
nem a borda que alarga
nem a corda que aperta
nem a boca que amarga
ou o açucar que empedra
nenhuma das alternativas
me alivia-
nem a lâmpada acesa
nem o sol da Bahia
nem o dom da beleza
nem a anestesia
nenhuma das alternativas
me liberta-
nem a cama desfeita
nem a página aberta
nem o peito que aceita
o que a cuca deserta
nenhuma das alternativas
jaz
em meu peito-
nem o gordo salário
nem o alto conceito
nem o traço precário
nem o plano perfeito
nem a pústula
nem a pétala
nem a ruga
nem a rédea
nem a curva
nem a reta
nem a dúvida
ou a vida
só
a que nega
o resto
ao redor
resta
e cega
me leva
pelo cor
redor
à porta
(certa, in
certa, não
importa)
da saída
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Oi Nádia, este poema do Arnaldo Antunes eu não conhecia, adorei!!!!!!Bjs, Sandra
ResponderExcluirOi, Sandra!
ResponderExcluirEste poema está no novo livro do Arnaldo Antunes, n.d.a.
Bom descanso!
Segunda já bate na porta.
Bjs