Ao claro tempo, ao tempo
das metamorfoses,
não havia horizonte
na alegria do ser
e do acontecer.
Havia a graça aérea
com que as coisas brincavam
de ser e de não ser,
no jardim da matéria.
Hoje uma coisa passa
a ser outra coisa;
nascem anjos sem asa
dentro do dicionário;
um monstro, um dragão
em lugar de um canário.
Não pela alegria
da metamorfose.
Mas por deformação
de cada deformação
de cada ser, ou flor,
em sua geometria.
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