
que inventam espantos para seus olhos sem ilusão.
Bonecos que enchem as grandes horas de pesadelos,
que lhe roubam os olhos, que lhe partem a garganta,
que arrebatam tesouros da sua mão.
Um dia, ela descobriu sozinha que era duas!
a que sofre depressa, no ritmo intenso e atroz da noite
e a que olha o sofrimento do alto do sono, do alto de tudo,
balançada num céu de estrelas invisíveis,
sem contato nenhum com o chão.
A mão da menina enferma refratou-se também na água pura,
como, outras vezes, sua voz, nesses rios do céu.
Partiu-se a mão contemplativa dentro d'água:
mas não houve mesmo amargura, mas quase delícia,
no seu pulso quebrado e exato.
E ela contempla a onda mansa:
e tudo isso é uma simples lembrança?
é uma alheia notícia?
ou algum velho retrato?
A menina enferma passeia no jardim brilhante,
de plantas úmidas, de flores frescas, de água cantante,
com pássaros sobre a folhagem.

A menina enferma apanha o sol nas mãos magrinhas:
seus olhos longos têm um desenho de andorinhas
num rosto sereno de imagem.
A menina enferma chegou perto do dia tão mansa
e tão simples como uma lágrima sobre a esperança.
E acaba de descobrir que as nuvens também têm movimento.

põe nesses barcos brancos seus sentimentos de eternidade
e parte pelo claro vento.
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