O olhar de Murilo Mendes abre-se às forças da origem
e num lento silêncio até ao fundo do imóvel
inaugura a nupcial articulação.
Vazio e presença, ruptura e aliança
na atenção aguda à evidência e ao enigma.
Os deuses mostram-se então na imobilidade do ar
e no puro instante da contemplação irisam-se.
E o olhar abre-se imensamente às nascentes nocturnas
captando o eco perdido em cada coisa.
Nessa glória que ilumina tudo, é alta e rapidíssima
a língua da visão que contorna os confins
e deixa transparecer o indivisível círculo
que em si preserva o silêncio divino e o fulgor
de umas quantas palavras que pulsam como estrelas.
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