Olha o balão subindo!
Mas quem foi o louco varrido
Que em novembro se lembrou de o soltar!
- É o luar, é o luar!
E as casas! Olha os arranha-céus,
Parece que estão se movendo,
Com tantas janelas a chamar?...
E este céu cor-de-cinza,
E este mar cor-de-prata,
E o Cristo do Corcovado!
Olha! Parece um palhaço,
Parece um filósofo, parece até Cristo mesmo
erguido no altar?...
E estas minhas mãos inquietas,
E o vento alcoolizado,
E as carícias das ilhas...
E as narinas cheirando ofegantes,
E essa vela das praias do norte,
E um desejo de falar besteira,
De dançar por aí feito maluco,
Esquecido de amar?...
É o luar, é o luar!
É o luar que inventa novas árvores e morros,
Vence as luzes da enorme cidade,
Vence a noite, vence os homens,
Vence as tristezas e os mandos do mundo...
Não acredita, não, José Correia,
Que vais te perder, e esquecer, feito estátua,
A última dor multissecular.
Gostei muito deste poema. Não conhecia. Obrigado por partilhar. Ah, e obrigado mesmo, pela sua participação do meu blog. Abraço.
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