Na fazenda - Manoel de Barros

Barulhinho vermelho de cajus
e o riacho passando
nos fundos do quintal...

Dali
se escutavam os ventos com a boca
como um dia ser árvore.

Eu era lutador de jacaré.
As árvores falavam.
Bugre Teotônio bebia marandovás.

Víamos por toda parte cabelos misgalhadinhos de borboletas...

Abriu-se
uma pedra
certa vez:
os musgos
eram frescos...

As plantas
me ensinavam de chão.
Fui aprendendo com o corpo.

Hoje sofro de gorjeios
nos lugares puídos de mim.
Sofro de árvores.

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