Vai-te, Poesia! - José Gomes Ferreira


Vai-te, Poesia!

Deixa-me ver friamente
a realidade nua
sem ninfas de iludir
ou violinos de lua.

Vai-te, Poesia!

Não transformes o mundo
descarnado e terrível
num céu de esquecer
com mendigos de nuvens
famintos de estrelas
e feridas a cheirarem a cravos
— enquanto os outros, os de carne verdadeira,
uivam em vão
a sua fome de cadelas
e de pão.

Vai-te, Poesia!

Deixa-me ver a vida
exacta e intolerável
neste planeta feito de carne humana a chorar
onde um anjo me arrasta todas as noites para casa pelos cabelos
                                                                     
com bandeiras de lume nos olhos,
para fabricar sonhos
carregados de dinamite de lágrimas.

Vai-te, Poesia!

Não quero cantar.
Quero gritar!

5 comentários:

  1. Oi, moça bonita!
    Lindo poema. Nosso olhar se esquece de que há poesia também no grito.
    Bjim

    ResponderExcluir
  2. Quando ela vai leva a beleza que existem em nossos olhos... mas às vezes é necessário gritar...

    bom fim de semana amiga
    beijinhos
    cvb

    ResponderExcluir
  3. Às vezes, gritar é preciso pra se fazer ouvir
    e sensibilidade pra perceber a poesia (do e no grito).

    Bom final de semana p/ vocês!
    Amanhã trabalho em duas escolas...
    meu final de semana só no domingo.

    Beijos :)

    ResponderExcluir
  4. Muitas vezes gritamos em silencio.E a poesia é a nossa fuga gritante e silenciosa. Boa Noite Nádia. Bjs.

    ResponderExcluir
  5. Boa noite, Lourdinha e bom final de semana.

    Bjs:)

    ResponderExcluir