É teu destino, ó José,
a esta hora da tarde,
se encostar na parede,
as mãos para trás.
Teu paletó abotoado
de outro frio te guarda,
enfeita com três botões
tua paciência dura.
A mulher que tens, tão histérica,
tão histórica, desanima.
Mas, ó José, o que fazes?
Passeias no quarteirão
o teu passeio maneiro
e olhas assim e pensas,
o modo de olhar tão pálido.
Por improvável não conta
O que tu sentes, José?
O que te salva da vida
é a vida mesma, ó José,
e o que sobre ela está escrito
a rogo de tua fé:
“No meio do caminho tinha uma pedra”
“Tu és pedra e sobre esta pedra”.
A pedra, ó José, a pedra.
Resiste, ó José. Deita, José,
Dorme com tua mulher,
gira a aldraba de ferro pesadíssima.
O reino do céu é semelhante a um homem
como você, José.
Este poema me intriga Nádia. Seria a pedra, uma referência à Pedra no poema de Drummond(No meio do caminho)?. Seria a pedra de José sua própria mulher? E o José me pareceu comparado ao José das Escrituras Sagradas? Entendi da sua resignação, da sua força, da aldobra comparada ao peso que a vida lhe impõe. e como premio o céu.
ResponderExcluirDe qualquer forma é muito lindo. como tudo que Adélia Prado escreve. bjs.
O José é tudo o que você disse, Lourdinha.
ResponderExcluirUma saudação aos homens.
José é também um dos poemas de Drummond
e José - o marido de Adélia Prado.
Beijos :)
Não conhecia este poema José de Drummond, e nem sobre o marido de Adélia se chamar José. Obrigada Nádia, agora estou gostando e mais ainda do poema, por que também pude entender melhor. bjs.
ResponderExcluirLourdinha, aqui mesmo tem um vídeo com o poema
ResponderExcluirna voz do Drummond. Lindo!
Bjs