as pás
do velho moinho de água
giram a roda do tempo
e trazem à tona
antigas lembranças
na beira do rio
da minha infância
lembro de ti
e algo em mim diz
que neste momento
posso escrever
o meu mais belo poema
de amor
inerte na beira do rio,
no ir e vir
das pás do velho moinho
com a água,
aos poucos,
vi passar minha vida,
lembrança por lembrança,
e sofri mais uma vez a dor
de todas as perdas
ao vê-las desaparecerem
na curva do rio
impotente,
vi todas as minhas palavras
substituírem as águas
no mover das velhas pás
e lembranças
e uma a uma
irem me escapando
não sobrando nenhuma
para escrever o poema
que você sempre quis
ouvir de meus lábios
entre os nossos lençóis
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