Amigo Luar:
Estou fechado no quarto
escuro
e tenho chorado muito.
Quando choro lá fora
ainda posso ver as lágrimas
caírem na palma das
minhas mãos e brincar com
elas ao orvalho
nas flores pela manhã.
Mas aqui é tudo por demais
escuro
e eu nem sequer tenho duas
estrelas nos meus olhos.
Lembro-me das noites em que
me fazem deitar tão
cedo e te oiço bater, chamar
e bater, na fresta
da minha janela.
Pelo muito que te tenho
perdido enquanto durmo
vem agora,
no bico dos pés
para que eles te não sintam
lá dentro,
brincar comigo aos presos no
segredo
quando se abre a porta de
ferro e a luz diz:
bons dias, amigo.
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