O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
Perdem-se astros sem luz... Anda em choro a folhagem...
Há desesperos silenciosos de abandono...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
E eu sofro a angustia irremediável da paisagem...
O outono vai chegar... O outono vem tão cedo!
Irão morrer flores e estrelas, como as crianças
tristes e mudas, que impressionam, fazem medo?
O outono vai chegar... Como o outono vem cedo!
E as aves clamam terminais desesperanças...
O outono vai chegar... Têm vozes do passado,
as horas loiras, a cantarem vagarosas,
com ressonâncias de convento abandonado...
Vozes de sonho, vozes lentas, do passado,
Falando coisas nebulosas, nebulosas...
O outono vai chegar, como um poeta descrente,
que foi traído, muito longe, em terra estranha,
e que fugiu, doido de amor, miseramente...
O outono vai chegar, como um poeta descrente
Que funerais desilusórios acompanha...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
Perdem-se astros sem luz... Anda em choro a folhagem...
Há desesperos silenciosos de abandono...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
E eu sofro a angústia irremediável da paisagem...
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