Voar é uma dádiva da poesia.
Um verso arde na brancura
aérea do papel,
toma balanço,
não resiste.
Solta-se-lhe
o animal alado.
Voa sobre as casas,
sobre as ruas,
sobre os homens que passam,
procura um pássaro
para acasalar.
Sílaba a sílaba
o verso voa.
E se o procurarmos?
Que não se desespere, pois
nunca o iremos encontrar.
Algum sentimento o terá
deixado pousar, partido com ele.
Estará o verso connosco?
Provavelmente apenas a parte
que nos coube.
Aquietemo-nos.
Amainemo-nos esse desejo de o
prendermos.
Não é justo um pássaro
onde ele não pode voar.
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