É um vão de verdura onde um
riacho canta
A espalhar pelas ervas
farrapos de prata
Como se delirasse, e o sol da
montanha
Num espumar de raios seu
clarão desata.
Jovem soldado, boca aberta, a
testa nua,
Banhando a nuca em frescas
águas azuis,
Dorme estendido e ali sobre a
relva flutua,
Frágil, no leito verde onde
chove luz.
Com os pés entre os lírios,
sorri mansamente
Como sorri no sono um menino
doente.
Embala-o, natureza, aquece-o,
ele tem frio.
E já não sente o odor das
flores, o macio
Da relva. Adormecido, a mão
sobre o peito,
Tem dois furos vermelhos do
lado direito.
Tradução: Ferreira Gullar
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