Mandamento: beijar a mão do
Pai
às 7 da manhã, antes do café
e pedir a bênção
e tornar a pedir
na hora de dormir.
Mandamento: beijar
a mão divino-humana
que empunha a rédea universal
e determina o futuro.
Se não beijar, o dia
não há de ser o dia
prometido,
a festa multimaginada,
mas a queda — tibum — no
precipício
de jacarés e crimes
que espreita, goela
escancarada.
Olha o caso de Nô.
Cresce demais, vira estudante
de altas letras, no Rio de
outras normas.
Volta, não beija o Pai
na mão. A mão procura
a boca, dá-lhe um tapa,
maneira dura de beijar
o filho que não beija a mão
sequiosa
de carinho, gravado
nas tábuas da lei mineira de
família.
Que é isso? Nô sangra na
alma,
a boca dói que dói
é lá dentro, na alma. O dia,
a noite,
a fuga para onde? Foge Nô
no breu do não-saber, sem
rumo, foge
de si mesmo, consigo,
e não tem saída
a não ser voltar,
voltar sem chamado,
para junto da mão
que espera seu beijo
na mais pura exigência
de terroramor.
Olha o caso de Nô.
7 da manhã.
Antes do café.
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