Na grande sala escura,
só teus olhos existem para os
meus:
olhos cor de romance e de
aventura,
longos como um adeus.
Só teus olhos: nenhuma
atitude, nenhum traço, nenhum
gesto persiste sob o vácuo de
uma
grande sombra comum.
E os teus olhos de opala,
exagerados na penumbra, são
para os meus olhos soltos
pela sala,
uma dupla obsessão.
Um cordão de silhuetas
escapa desses olhos que,
afinal,
são dois carvões pondo
figuras pretas
sobre um muro de cal.
E uma gente esquisita,
em torno deles, como de dois
sóis,
é um sistema de estrelas que
gravita:
— são bandidos e heróis;
são lágrimas e risos;
são mulheres, com lábios de
bombons;
bobos gordos, alegres como
guizos;
homens maus e homens bons...
É a vida, a grande vida
que um deus artificial gera e
conduz
num mundo branco e preto, e
que trepida
nos seus dedos de luz...
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