Quem chorava em meu sonho?
Eu ia deslembrada
pelos caminhos sem nexo
do escuro sono,
quando alguém soluçou.
Onde, nas algas profundas,
se enredava essa dor?
(Seu pranto doía no mundo.)
Quem soluçava em meu sonho,
tão perto que me acordou?
No silêncio interior,
a alma sonâmbula
põe-se a dançar.
A sombra de seu bailado
traça leves arabescos
na face do sonho
e desperta as palavras da canção.
O homem esposou a máquina e gerou um híbrido estranho: um cronômetro no peito e um dínamo no crânio. As hemácias de seu sangue são redondos algarismos.
Crescem cactos estatísticos em seus abstratos jardins.
Exato planejamento, a vida do maquinomem. Trepidam as engrenagens no esforço das realizações.
Em seu íntimo ignorado, há uma estranha prisioneira, cujos gritos estremecem a metálica estrutura; há reflexos flamejantes de uma luz imponderável que perturbam a frieza do blindado maquinomem.