A Música é a linguagem dos espíritos. Sua melodia é como uma brisa saltitante que faz nossas cordas estremecerem de amor. Quando os dedos suaves da música tocam à porta de nossos sentimentos, acordam lembranças que há muito jaziam escondidas nas profundezas do Passado.
A alma da Música nasce do espírito e sua mensagem brota do Coração.
Quando Deus criou o Homem, deu-lhe a Música como uma linguagem diferente de todas as outras. Mesmo em seu primarismo, o Homem primitivo curvou-se à glória da música; ela envolveu os corações dos reis e os elevou além de seus tronos.
Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino. Elas tremulam à brisa da manhã e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do céu.
A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade.
Quando os pássaros cantam, estarão chamando as flores nos campos, ou estão falando às árvores, ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos? Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos, não consegue saber o que canta o pássaro, nem o que murmura o riacho, nem o que sussurram as ondas quando tocam as praias vagarosa e suavemente. Mesmo com sua percepção, o homem não pode entender o que diz a chuva quando cai sobre as folhas das árvores, ou quando bate devagarinho nos vidros das janelas. Ele não pode saber o que a brisa segreda às flores nos campos.
Mas o coração do homem pode pressentir e entender o significado dessas melodias que tocam seus sentidos. A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa; a Alma e a Natureza conversam entre si, enquanto o Homem permanece mudo e confuso.
Mas o Homem já não chorou com esses sons? E suas lágrimas não são, porventura, uma eloqüente demonstração? Divina Música!
Filha da Alma e do Amor Cálice da amargura e do Amor Sonho do coração humano, fruto da tristeza Flor da alegria, fragrância e desabrochar dos sentimentos Linguagem dos amantes, confidenciadora de segredos Mãe das lágrimas do amor oculto Inspiradora de poetas, de compositores e dos grandes realizadores Unidade de pensamento dentro dos fragmentos das palavras Criadora do amor que se origina da beleza Vinho do coração que exulta num mundo de sonhos Encorajadora dos guerreiros, fortalecedora das almas Oceano de perdão e mar de ternura. Ó música! Em tuas profundezas depositamos nossos corações e almas Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos E a ouvir com os corações.
Minha estrela não é a de Belém: A que, parada, aguarda o peregrino. Sem importar-se com qualquer destino A minha estrela vai seguindo além...
- Meu Deus, o que é que esse menino tem? já suspeitavam desde eu pequenino. O que eu tenho? É uma estrela em desatino... E nos desentendemos muito bem!
E quando tudo parecia a esmo E nesses descaminhos me perdia Encontrei muitas vezes a mim mesmo...
Eu temo é uma traição do instinto Que me liberte, por acaso, um dia Deste velho e encantado Labirinto.
Tempo — definição da angústia. Pudesse ao menos eu agrilhoar-te Ao coração pulsátil dum poema! Era o devir eterno em harmonia. Mas foges das vogais, como a frescura Da tinta com que escrevo. Fica apenas a tua negra sombra: — O passado, Amargura maior, fotografada.
Tempo... E não haver nada, Ninguém, Uma alma penada Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição De cortar aquele fio movediço De areia Que nenhum tecelão É capaz de tecer na sua teia!
Acabou nosso carnaval Ninguém ouve cantar canções Ninguém passa mais brincando feliz E nos corações Saudades e cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê É uma gente que nem se vê Que nem se sorri Se beija e se abraça E sai caminhando Dançando e cantando cantigas de amor.
E no entanto é preciso cantar Mais que nunca é preciso cantar É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem Qualquer dia vai se acabar Todos vão sorrir Voltou a esperança É o povo que dança Contente da vida, feliz a cantar Porque são tantas coisas azuis E há tão grandes promessas de luz Tanto amor para amar de que a gente nem sabe.
Quem me dera viver pra ver E brincar outros carnavais Com a beleza dos velhos carnavais Que marchas tão lindas E o povo cantando seu canto de paz Seu canto de paz.
Tanto riso, oh quanta alegria Mais de mil palhaços no salão Arlequim está chorando Pelo amor da Colombina No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez Tá fazendo um ano Foi no carnaval que passou Eu sou aquele pierrô Que te abraçou Que te beijou, meu amor A mesma máscara negra Que esconde o teu rosto Eu quero matar a saudade Vou beijar-te agora Não me leve a mal Hoje é carnaval
Eu quero montar o vento em pêlo, Força do céu, cavalo poderoso Que viaja quando entende, noite e dia.
Quero ouvir a flauta sem fim do Isidoro da flauta, Quero que o preto velho Isidoro Dê um concerto com minhas primas ao piano, Lá no salão azul da baronesa.
Quero conhecer a mãe-d'água Que no claro do rio penteia os cabelos Com um pente de sete cores.
Salve, salve minha rainha, Ó clemente ó piedosa ó doce Virgem Maria, ? Como pode uma rainha ser também advogada.