Entre o sono e o sonho - Fernando Pessoa
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre —
Esse rio sem fim.
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Canção sonolenta - Afonso Estebanez
Correm lentos noite e rio
nos atalhos entre o vento
aquecendo a mão do frio
nos retalhos do relento...
A brisa vem-me acalmar
de antigo ressentimento
e o vento me vem cantar
de tanto contentamento.
Na alameda à luz da lua
sob o céu além do tempo
nas poças d’água da rua
entre luzes me contemplo.
Futuro não tem passado
e o presente não tem fim.
Há em mim um outro lado
de um outro lado de mim...
Jaz-me a alma repousada
e uma flor calada em mim
como saudade encostada
no canteiro de um jardim...
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Intimidade - José Saramago
No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,
Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,
No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.
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Sensibilidade - Helena Kolody
Meu coração,
É um quarto de espelhos,
Que reflete e multiplica,
Infinitamente,
Uma impressão.
É como o eco
Dos longos corredores desertos,
Que repete e amplifica,
Misteriosamente,
Uma palavra.
É como um frasco de perfume raro
Que guardou,
Para sempre,
Um leve aroma da essência que encerrou.
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Helena Kolody
A música - Gibran Kahlil Gibran
A Música é a linguagem dos espíritos.
Sua melodia é como uma brisa saltitante
que faz nossas cordas estremecerem de amor.
Quando os dedos suaves da música
tocam à porta de nossos sentimentos,
acordam lembranças que há muito jaziam escondidas
nas profundezas do Passado.
A alma da Música nasce do espírito
e sua mensagem brota do Coração.
Quando Deus criou o Homem,
deu-lhe a Música como uma linguagem diferente de todas as outras.
Mesmo em seu primarismo, o Homem primitivo curvou-se à glória da música;
ela envolveu os corações dos reis e os elevou além de seus tronos.
Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino.
Elas tremulam à brisa da manhã
e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do céu.
A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade.
Quando os pássaros cantam,
estarão chamando as flores nos campos,
ou estão falando às árvores,
ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos?
Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos,
não consegue saber o que canta o pássaro,
nem o que murmura o riacho,
nem o que sussurram as ondas
quando tocam as praias vagarosa e suavemente.
Mesmo com sua percepção, o homem não pode entender
o que diz a chuva quando cai sobre as folhas das árvores,
ou quando bate devagarinho nos vidros das janelas.
Ele não pode saber o que a brisa segreda às flores nos campos.
Mas o coração do homem pode pressentir e entender
o significado dessas melodias que tocam seus sentidos.
A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa;
a Alma e a Natureza conversam entre si,
enquanto o Homem permanece mudo e confuso.
Mas o Homem já não chorou com esses sons?
E suas lágrimas não são, porventura,
uma eloqüente demonstração? Divina Música!
Filha da Alma e do Amor
Cálice da amargura e do Amor
Sonho do coração humano,
fruto da tristeza
Flor da alegria,
fragrância e desabrochar dos sentimentos
Linguagem dos amantes,
confidenciadora de segredos
Mãe das lágrimas do amor oculto
Inspiradora de poetas, de compositores
e dos grandes realizadores
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
das palavras
Criadora do amor que se origina da beleza
Vinho do coração que exulta num mundo de sonhos
Encorajadora dos guerreiros,
fortalecedora das almas
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música!
Em tuas profundezas
depositamos nossos corações e almas
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.
Sua melodia é como uma brisa saltitante
que faz nossas cordas estremecerem de amor.
Quando os dedos suaves da música
tocam à porta de nossos sentimentos,
acordam lembranças que há muito jaziam escondidas
nas profundezas do Passado.
A alma da Música nasce do espírito
e sua mensagem brota do Coração.
Quando Deus criou o Homem,
deu-lhe a Música como uma linguagem diferente de todas as outras.
Mesmo em seu primarismo, o Homem primitivo curvou-se à glória da música;
ela envolveu os corações dos reis e os elevou além de seus tronos.
Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino.
Elas tremulam à brisa da manhã
e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do céu.
A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade.
Quando os pássaros cantam,
estarão chamando as flores nos campos,
ou estão falando às árvores,
ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos?
Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos,
não consegue saber o que canta o pássaro,
nem o que murmura o riacho,
nem o que sussurram as ondas
quando tocam as praias vagarosa e suavemente.
Mesmo com sua percepção, o homem não pode entender
o que diz a chuva quando cai sobre as folhas das árvores,
ou quando bate devagarinho nos vidros das janelas.
Ele não pode saber o que a brisa segreda às flores nos campos.
Mas o coração do homem pode pressentir e entender
o significado dessas melodias que tocam seus sentidos.
A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa;
a Alma e a Natureza conversam entre si,
enquanto o Homem permanece mudo e confuso.
Mas o Homem já não chorou com esses sons?
E suas lágrimas não são, porventura,
uma eloqüente demonstração? Divina Música!
Filha da Alma e do Amor
Cálice da amargura e do Amor
Sonho do coração humano,
fruto da tristeza
Flor da alegria,
fragrância e desabrochar dos sentimentos
Linguagem dos amantes,
confidenciadora de segredos
Mãe das lágrimas do amor oculto
Inspiradora de poetas, de compositores
e dos grandes realizadores
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
das palavras
Criadora do amor que se origina da beleza
Vinho do coração que exulta num mundo de sonhos
Encorajadora dos guerreiros,
fortalecedora das almas
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música!
Em tuas profundezas
depositamos nossos corações e almas
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.
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Astrologia - Mário Quintana
Minha estrela não é a de Belém:
A que, parada, aguarda o peregrino.
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além...
- Meu Deus, o que é que esse menino tem?
já suspeitavam desde eu pequenino.
O que eu tenho? É uma estrela em desatino...
E nos desentendemos muito bem!
E quando tudo parecia a esmo
E nesses descaminhos me perdia
Encontrei muitas vezes a mim mesmo...
Eu temo é uma traição do instinto
Que me liberte, por acaso, um dia
Deste velho e encantado Labirinto.
A que, parada, aguarda o peregrino.
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além...
- Meu Deus, o que é que esse menino tem?
já suspeitavam desde eu pequenino.
O que eu tenho? É uma estrela em desatino...
E nos desentendemos muito bem!
E quando tudo parecia a esmo
E nesses descaminhos me perdia
Encontrei muitas vezes a mim mesmo...
Eu temo é uma traição do instinto
Que me liberte, por acaso, um dia
Deste velho e encantado Labirinto.
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Mário Quintana
Tempo - Miguel Torga
Tempo — definição da angústia.
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.
Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Ao coração pulsátil dum poema!
Era o devir eterno em harmonia.
Mas foges das vogais, como a frescura
Da tinta com que escrevo.
Fica apenas a tua negra sombra:
— O passado,
Amargura maior, fotografada.
Tempo...
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!
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Miguel Torga
Os pescadores e suas filhas - Cecília Meireles
Os pescadores dormiam
cansados, ao sol, nos barcos.
As filhinhas dos pescadores
brincavam na praça, de mãos dadas.
As filhinhas dos pescadores
cantavam cantigas de sol e de água.
Os pescadores sonhavam
com seus barcos carregados.
Os pescadores dormiam
cansados de seu trabalho.
As filhinhas dos pescadores
falavam de beijos e abraços.
Em sonho, os pescadores sorriam.
As meninas cantavam tão alto,
que até no sonho dos pescadores
boiavam as suas palavras.
cansados, ao sol, nos barcos.
As filhinhas dos pescadores
brincavam na praça, de mãos dadas.
As filhinhas dos pescadores
cantavam cantigas de sol e de água.
Os pescadores sonhavam
com seus barcos carregados.
Os pescadores dormiam
cansados de seu trabalho.
As filhinhas dos pescadores
falavam de beijos e abraços.
Em sonho, os pescadores sorriam.
As meninas cantavam tão alto,
que até no sonho dos pescadores
boiavam as suas palavras.
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Infinito presente - Helena Kolody
No movimento veloz
de nossa viagem,
embala-nos a ilusão
da fuga do tempo.
Poeira esparsa no vento,
apenas passamos nós.
O tempo é mar que se alarga
num infinito presente.
de nossa viagem,
embala-nos a ilusão
da fuga do tempo.
Poeira esparsa no vento,
apenas passamos nós.
O tempo é mar que se alarga
num infinito presente.
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Marcha De Quarta-Feira De Cinzas - Vinícius de Moraes
Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe.
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz.
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.
Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.
E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade
A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar
Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe.
Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz.
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Máscara Negra - Zé Kéti e Pereira Matos
Tanto riso, oh quanta alegria
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
Mais de mil palhaços no salão
Arlequim está chorando
Pelo amor da Colombina
No meio da multidão
Foi bom te ver outra vez
Tá fazendo um ano
Foi no carnaval que passou
Eu sou aquele pierrô
Que te abraçou
Que te beijou, meu amor
A mesma máscara negra
Que esconde o teu rosto
Eu quero matar a saudade
Vou beijar-te agora
Não me leve a mal
Hoje é carnaval
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Canto CXX - Ezra Pound
Tentei escrever o PARAÍSO
Não se mova
Deixe falar o vento
esse é o paraíso.
Deixe os deuses perdoarem
o que eu fiz
Deixe aqueles que eu amo
tentarem perdoar
o que eu fiz.
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Esperança - Augusto dos Anjos
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?
Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?
Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!
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Fraternal - Helena Kolody
Meu canto de amor, como bálsamo
Para as cansadas mãos embrutecidas.
e para as tristes vidas deformadas.
Meu canto de amor, envolvente,
A esconder a pobreza disfarçada
De quem finge ter tudo e não tem nada.
Canto em surdina, luar nevando música,
Para a bondade sábia da velhice,
Seu riso de renúncia e de perdão.
Claro canto, impetuoso como o vento,
Para os jovens, que abalam o universo
À força de entusiasmo e de talento.
Meu canto de amor, como os sinos da Páscoa,
Para as crianças, humanidade a ressurgir,
Numa eterna promessa de redenção.
Para as cansadas mãos embrutecidas.
e para as tristes vidas deformadas.
Meu canto de amor, envolvente,
A esconder a pobreza disfarçada
De quem finge ter tudo e não tem nada.
Canto em surdina, luar nevando música,
Para a bondade sábia da velhice,
Seu riso de renúncia e de perdão.
Claro canto, impetuoso como o vento,
Para os jovens, que abalam o universo
À força de entusiasmo e de talento.
Meu canto de amor, como os sinos da Páscoa,
Para as crianças, humanidade a ressurgir,
Numa eterna promessa de redenção.
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Vi passar, num mistério concedido - Fernando Pessoa
Vi passar, num mistério concedido,
Um cavaleiro negro e luminoso
Que, sob um grande pálio rumoroso,
Seguia lento com o seu sentido.
Quatro figuras que lembrando olvido
Erguiam alto as varas, e um lustroso
Torpor de luz dormia tenebroso
Nas dobras desse pano estremecido.
Na fronte do vencido ou vencedor
Uma coroa pálida de espinhos
Lhe dava um ar de ser rei e senhor.
Um cavaleiro negro e luminoso
Que, sob um grande pálio rumoroso,
Seguia lento com o seu sentido.
Quatro figuras que lembrando olvido
Erguiam alto as varas, e um lustroso
Torpor de luz dormia tenebroso
Nas dobras desse pano estremecido.
Na fronte do vencido ou vencedor
Uma coroa pálida de espinhos
Lhe dava um ar de ser rei e senhor.
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