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Horizonte – Betty Vidigal

O horizonte é o mesmo.
Mas há esta nova claridade que me sufoca o olhar.
Caminho a esmo.
Hoje não quero pensar.

É que mudou a lua,
e tudo se transforma.
Cobre-se a Terra de uma terra nova
e as marés se tornam violentas.

Somente eu vou lenta, lenta.
Concentrada em não chorar.

Não que tenha perdido a alegria
por completo:
o caminho não havia de sempre reto
e eu já sabia disso muito antes
de decidir te acompanhar.

Mas agora, a noite me tomou.
E eu me tornei, subitamente,
o que não sou:
sem norte, sem destino.
O que se extraviou,
de mim, por esta estrada?
Eu vinha te seguindo e não te vejo mais.
E estava tão habituada.

O horizonte é o mesmo.
Só lhe falta
a longa silhueta que eu seguia
e contemplava.

É que mudou a lua, e tudo se transforma.
Somente a linha do horizonte permanece inalterada.

Pitangas - Betty Vidigal


Era uma febre, um delírio,
Uma mandinga bem feita,
cama com cheiro de lírio.

Era um delírio, uma febre,
amor que não se endireita,
quebranto que ninguém quebra,
tremedeira de maleita,
uma mulher e um ébrio
de amor que não toma jeito.
E ela, que não se emenda?

Meus dedos fazendo renda
com os pêlos do seu peito;
o coração que se escuta
pelo quarteirão inteiro;
pitangas no travesseiro,
cama com cheiro de fruta.